
Joziane Lopes dos Santos
No âmbito da avaliação educacional, a avaliação da aprendizagem é aquela que merece cuidado especial por parte dos educadores, uma vez que se refere ao alvo de todos os esforços por eles realizados: o educando.
Tudo o que acontece em educação ocorre em nome do educando; é para ele que se voltam todas as preocupações pedagógicas e, entre essas, a avaliação da aprendizagem ocupa um espaço valioso.
Entendida como parte integrante do processo de ensino e de aprendizagem, contribui para a superação de problemas identificados no seu desenvolvimento, bem como para a orientação em relação aos objetivos a se cumprirem, intenções a se realizarem e metas a se alcançarem.
A avaliação da aprendizagem tem sido objeto de diferentes concepções teóricas, o que resultou em práticas diferenciadas ao longo do tempo: ora essas práticas focam o aluno como centro do processo ensino e aprendizagem, ora tomam o professor como centro, ora os recursos didático-pedagógicos. Na atualidade, convivem duas perspectivas opostas de avaliação da aprendizagem: a classificatória e a orientadora. Sendo opostas, exigem que o educador assuma uma posição, tendo em vista adotar uma prática não contraditória.
1- Professora efetiva da Rede Municipal de Rondonópolis MT, atua como Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal.
2- Professora efetiva da Rede Municipal e Estadual de Rondonópolis MT, atua como Assessora pedagógica da Rede Municipal.
3- Professora efetiva da Rede Municipal e Estadual de Rondonópolis MT, atua como Assessora pedagógica na rede Municipal.
No entanto não é necessário que a posição assumida pelo educador seja excludente. Ele pode optar por uma posição conciliatória, adotando um ou outro caminho, segundo as características da situação: em se tratando de concursos em que a seleção é o objetivo, é claro que uma perspectiva classificatória é absolutamente adequada. No entanto, no quotidiano da escola, em que a competitividade pouco ou nada tem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, essa perspectiva precisa ser descartada em nome do cumprimento dos objetivos educacionais de nossas escolas. Nesse sentido, o importante é que o educador tenha consciência das escolhas feitas, das conseqüências que poderão advir e que assuma a responsabilidade por elas.
Para que a avaliação cumpra seu papel de orientação do processo de ensino e de aprendizagem, é necessário que procure abarcar todos os aspectos desse processo: os cognitivos, as habilidades e os de afetividade (individual e social). Focar apenas conhecimentos, relegando os demais saberes à própria sorte, significa perceber o educando de modo fragmentado e contraproducente; significa, em suma, a não realização dos objetivos da educação formal.
Aqui estão algumas idéias a respeito da avaliação da aprendizagem que buscamos discutir neste texto, reafirmando o nosso objetivo de contribuir nas discussões acerca desse tema.
É necessário repensarmos a avaliação, porque é através dela que professores e alunos podem fazer um diagnóstico de seus avanços e dificuldades no decorrer de um período, de uma aula, de um trabalho. A avaliação está presente em nossa vida de todas as formas, e no que realizamos, enfim, internamente em cada indivíduo, pois sem ela como continuaríamos direcionando por caminhos que achamos serem certos?
Dentro de um contexto escolar o aluno traz consigo sua vivência e experiência de mundo, portanto, cada indivíduo estabelece suas relações de aprendizagem com seu universo dentro de um todo social. Sob esse prisma, é que devemos encarar a avaliação não como um mero registro de notas que acaba classificando os alunos em “bons ou ruins”, em “mais inteligentes ou menos inteligentes” em “mais capazes ou menos capazes”, só porque conseguiram através de respostas em provas “memorizadas” mais conteúdos, e sim como um meio que ajudará professores a identificar dificuldades, diagnosticar problemas.
Faz-se necessário que a avaliação seja orientada pela lógica da continuidade dos processos de formação. Isso implica em preocupar com a aprendizagem do aluno como sujeito ativo no processo de conhecimento, tendo na intervenção do professor, a mediação das interações entre os alunos e destes com os objetivos de conhecimento.
Desse modo, o processo avaliativo é a base referencial do fazer pedagógico, contribuindo tanto com o professor, quanto com o aluno na construção de novos saberes, pois ambos ao tomarem consciência de suas mudanças buscarão novas ações, novos conhecimentos. Ações essas que valorizam a experiência de cada criança na vivência cultural, social, elementos imprescindíveis para o seu crescimento uma vez que a escola na ótica vygotskyana desempenhará bem o seu papel na medida em que partindo daquilo que a criança já sabe (o conhecimento que ela traz do seu cotidiano, suas idéias a respeito dos objetivos, fatos e fenômenos, suas teorias acerca do que observa no mundo), for capaz de ampliar e desafiar a construção de novos conhecimentos.
A avaliação da aprendizagem deve ser uma ação presente em todo o processo, como um instrumento permanente e não apenas como um momento isolado do mesmo. Nesse sentido, ela é a reflexão transformada em ação.
A avaliação deve ser um instrumento de reflexão sobre sua aprendizagem e impulsionada da sua continuidade e como diz Hoffmann “avaliação no seu significado básico de investigação e dinamização do processo de conhecimento”.
Através dessa pesquisa bibliográfica percebemos que os autores analisam a avaliação, acreditando na necessidade de mudanças, de melhoras, de que é preciso buscar propostas inovadoras que envolvam a escola, a família e a comunidade, onde todos possam acompanhar e contribuir para o desenvolvimento do aluno em todo o processo de aprendizagem e não enxergá-la somente no momento final do processo.
Compreende que, para que haja essa transformação, os educadores precisam rever sua prática pedagógica. Faz-se necessário que vejamos a avaliação como recurso de ensino e não como uma forma de aprovar ou reprovar os alunos.
Acreditamos que enquanto não houver, por parte dos educadores, um real interesse em mudar essa tradicional maneira de avaliar, que vem causando constantes reprovações, principalmente de crianças de 1ª série, os alunos continuarão sendo os únicos prejudicados.
Vale ressaltar que a decisão de transformar a prática avaliativa não é tomada de uma hora para outra, nem de uma forma isolada das outras decisões relativas a proposta pedagógica: as alterações na forma de avaliar são integrantes do projeto da escola demandando estudo e reflexão, resultando do trabalho coletivo dos professores.
A avaliação vista como acompanhamento da aprendizagem é contínua,é uma espécie de mapeamento que vai identificando as conquistas e os problemas dos alunos em seu desenvolvimento. Dessa forma tem caráter investigativo e processual ao invés de estar a serviço somente da nota como único meio de avaliação, essa avaliação passa assim a contribuir com a função básica da escola que é promover o acesso ao conhecimento.
Ainda queremos salientar que não somos totalmente contra a avaliação através de provas, só não compreendemos porque utilizar somente da prova escrita para avaliar a aprendizagem do aluno. Precisamos vê-lo como um todo no processo de ensino-aprendizagem, seus avanços, suas regressões e ter um acompanhamento naquilo que o aluno não conseguiu e intervir para uma real aprendizagem.
Esse trabalho veio também ampliar e clarear as nossas idéias de transformação na prática avaliativa. Esperamos que o mesmo possa, e venha a contribuir para uma reflexão maior da questão e também talvez esclarecer algumas dúvidas.
Com a perspectiva de mudança dessa situação que lentamente já vem sendo refletida, fica aqui o convite a todos os profissionais da educação, alunos e pais, para uma transformação por meio de nossa ação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEMO, Pedro. Avaliação sob o olhar propedêutico. Campinas, São Paulo: Papirus, 1996
——————. Avaliação qualitativa: um ensaio introdutório. Campinas, São Paulo: Papirus, 1996
HOFFMANN, Jussara M. L. Avaliação mediadora uma prática em construção da pré-escola à universidade. 8ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1996.
—————– Avaliação: mito e desafio. Porto Alegre, RS: Educação e Realidade,1999.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepção Dialética. Libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo, SP: Libertad, 1993.
VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. 4ª ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1991.
Por: 1-Joziane Lopes dos Santos
2- Ludmilla Paniago Nogueira
3- Neide Figueiredo de Souza