Nacional
Hugo Motta defende reforma abrangente de organismos multilaterais

Ao discursar na abertura do 11º Fórum Parlamentar do BRICS, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pediu que os parlamentares mantenham o realismo e a esperança para buscar uma agenda de reformas por uma governança mais inclusiva e sustentável.
“Enfrentamos atualmente um contexto internacional marcado por tensões geopolíticas, protecionismo e fragilização do multilateralismo. Nesse cenário, a aposta no diálogo, na diplomacia e na renovação das instituições internacionais torna-se ainda mais imperativa”, analisou. “Que os frutos deste encontro se reflitam em iniciativas legislativas concretas, em projetos conjuntos e em uma visão compartilhada de futuro – uma visão realista e esperançosa.”
Hugo Motta defendeu uma reforma abrangente de organismos multilaterais para garantir uma arquitetura de paz e segurança para solucionar conflitos, defender os direitos humanos e repudiar o racismo e o terrorismo.
“É inaceitável e, cada vez mais, flagrantemente ineficaz que estruturas decisórias do sistema ONU continuem a refletir o mundo do pós-Segunda Guerra Mundial, e não as dinâmicas geopolíticas do século 21. Nosso compromisso com a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas é inequívoco. Um conselho mais representativo, com maior participação de países do Sul Global, é condição indispensável para a promoção da paz, da segurança internacional e da solução negociada de conflitos”, afirmou.
O presidente da Câmara também apoiou a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para fomentar a previsibilidade das trocas comerciais. “Defendemos a necessidade do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento e a restauração do sistema de solução de controvérsias. Queremos regras comerciais que tratem a agricultura – garantia da segurança alimentar para todos – com o respeito e a justiça que nos foram prometidos, mas ainda não realizados”, disse.
Agenda legislativa
Na agenda legislativa do BRICS, Hugo Motta destacou:
- desenvolver projetos na área de saúde pública que visem fortalecer os sistemas de saúde de cada nação e assegurar uma resposta eficiente a desafios como o que o mundo enfrentou com a Covid-19;
- fomentar o comércio entre os países do grupo, eliminar barreiras não tarifárias, facilitar a mobilidade de empresários e harmonizar normas e certificações;
- diversificar e fortalecer as iniciativas e mecanismos – como o de pagamento em moedas locais – para reduzir custos de transação e ampliar novas oportunidades de negócios;
- promover sistemas tributários mais justos e eficientes;
- intensificar os intercâmbios de pesquisadores, os programas de cooperação acadêmica e a transferência de tecnologias nas áreas da indústria 4.0, da bioeconomia e da agricultura;
- estabelecer marcos regulatórios eficientes, que garantam segurança jurídica para impulsionar investimentos que venham a confirmar a liderança em matérias ambientais e climáticas; e
- garantir que o recurso à inteligência artificial para o desenvolvimento seja acompanhado pelos adequados parâmetros de ética e transparência, respeito aos direitos humanos e preservação da soberania de cada nação.
Confira a íntegra do discurso de Hugo Motta:
Senhoras e Senhores, é com grande honra e muita satisfação que apresento as saudações da Câmara dos Deputados do Brasil aos participantes da 11ª edição do Fórum Parlamentar do BRICS, neste ano sediada no Palácio do Congresso Nacional, em Brasília. Recebam nossas mais cordiais boas-vindas à capital do Brasil, terra de convivência multicultural e de forte tradição diplomática.
Agradeço a presença das delegações dos países que integram o BRICS.
São também muito bem-vindas as delegações das nações parceiras e das instituições convidadas. Saúdo as Deputadas, os Deputados, as Senadoras e os Senadores do Brasil, cuja presença ilustra o empenho deste Parlamento em bem acolher nossos convidados internacionais.
Estamos aqui reunidos como representantes de grandes nações e porta-vozes de uma visão de mundo mais equitativa, multipolar e solidária. Uma visão na qual a cooperação interparlamentar é instrumento essencial para promover uma agenda de paz, desenvolvimento sustentável e prosperidade compartilhada.
O Parlamento brasileiro assumiu a presidência rotativa do Fórum sob o lema “o papel dos parlamentos do BRICS na construção de uma governança mais inclusiva e sustentável”.
Esse lema inspira a agenda que nos orienta, com foco em duas frentes prioritárias: a cooperação do Sul Global e o fortalecimento das parcerias do BRICS para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
Senhoras e senhores, Enfrentamos atualmente um contexto internacional marcado por tensões geopolíticas, protecionismo e fragilização do multilateralismo. Nesse cenário, a aposta no diálogo, na diplomacia e na renovação das instituições internacionais torna-se ainda mais imperativa.
Estamos todos cientes da força e da grandeza do BRICS. E não me refiro apenas aos números e cifras que revelam a nossa parcela na população mundial, o PIB conjunto das nossas nações e o crescente fluxo comercial e de investimentos que juntos representamos.
Destaco, principalmente, a força e a grandeza que se manifestam na capacidade dos nossos países de promover soluções conjuntas, sobretudo diante dos desafios sistêmicos que afetam nossas populações.
O Fórum Parlamentar do BRICS se consolida como espaço privilegiado para fortalecer a diplomacia parlamentar e garantir que os compromissos assumidos pelos Chefes de Estado se traduzam em normativas e ações concretas nos respectivos parlamentos.
Na organização deste Fórum, a Presidência brasileira propôs seis temas prioritários para guiar os debates que faremos: Cooperação em Saúde Global; Comércio, Investimentos e Finanças; Mudança do Clima; Governança da Inteligência Artificial; Arquitetura Multilateral de Paz e Segurança; e Desenvolvimento Institucional. Todos eles refletem desafios prementes do nosso tempo.
Na área da saúde, é muito importante que atuemos para intensificar a colaboração entre os membros do BRICS. Isso inclui o desenvolvimento de projetos na área de saúde pública que visem fortalecer os sistemas de saúde de cada nação e assegurar uma resposta eficiente a desafios como o que o mundo enfrentou com a covid-19.
Tratando de comércio, investimentos e finanças, nós, parlamentares, podemos avançar sobre iniciativas que catalisem o fluxo comercial e de investimentos entre os países do Sul Global. Podemos fomentar o comércio entre os países do grupo, eliminar barreiras não tarifárias, facilitar a mobilidade de empresários e harmonizar normas e certificações.
Não podemos nos furtar, ainda, de discussões sobre como diversificar e fortalecer as iniciativas e mecanismos – como o de pagamento em moedas locais – para reduzir custos de transação e ampliar novas oportunidades de negócios.
Incluem-se também nesse campo as iniciativas voltadas à promoção de sistemas tributários mais justos e eficientes — objetivo ao qual temos nos dedicado com empenho no Parlamento brasileiro.
No âmbito dos investimentos, ressaltamos a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como pilar de financiamento para projetos de infraestrutura, energia limpa e inovação tecnológica. O Banco do BRICS pode ser o motor de uma nova geração de investimentos que priorizem o crescimento com inclusão social e sustentabilidade ambiental.
Tão relevante quanto o capital é o conhecimento. Por isso, devemos intensificar os intercâmbios de pesquisadores, os programas de cooperação acadêmica e a transferência de tecnologias nas áreas da indústria 4.0, da bioeconomia, da agricultura de precisão, entre outras.
Ao lado das questões que visam aumentar a prosperidade econômica dos parceiros, é fundamental que mantenhamos nosso olhar atento às mudanças climáticas e seus impactos em todas as dimensões. O desenvolvimento e a melhoria das condições de vida das nossas populações são indissociáveis de ações efetivas na transição para uma economia de baixo carbono.
Nós, legisladores, temos a missão de estabelecer marcos regulatórios eficientes, que garantam segurança jurídica para impulsionar investimentos que venham a confirmar a liderança em matérias ambientais e climáticas do BRICS.
Aqui no Brasil, que sediará, em novembro, a COP-30, na cidade de Belém do Pará, avançamos em legislação para regulamentar o mercado de carbono, acelerar a transição energética e fomentar o uso de biocombustíveis. Medidas como essas podem ser compartilhadas e replicadas, constituindo boas práticas para outros países do BRICS.
A realidade dos avanços tecnológicos, bem como seus impactos nas novas dinâmicas sociais de interação, de difusão do conhecimento e de atuação no mercado de trabalho impõe sobre nós o dever de tratar, em âmbito interno e externo, a governança da inteligência artificial.
Estarão nas leis e normas originadas em nossas casas legislativas as salvaguardas necessárias para garantir que o recurso à inteligência artificial para o nosso desenvolvimento seja acompanhado pelos adequados parâmetros de ética e transparência, respeito aos direitos humanos e preservação da soberania de cada nação.
Virá do diálogo e do intercâmbio de boas práticas parlamentares a resposta que muitos de nós buscamos: um caminho para harmonizar a modernidade e a velocidade da evolução cibernética com a proteção dos direitos individuais, coletivos, corporativos e institucionais, tanto no setor público quanto no privado.
Ao avançar para outro ponto importante que será tratado neste Fórum – a arquitetura multilateral de paz e segurança –, cumpre relembrar que o Brasil, em sua Constituição, estabeleceu que, em suas relações internacionais, será um defensor da paz, da não-intervenção em assuntos internos de terceiros países, da autodeterminação dos povos, e da solução pacífica de conflitos. Defenderemos os direitos humanos. Repudiaremos, sempre, o racismo e o terrorismo.
Assim como temos feito no âmbito da União Interparlamentar — com o apoio de muitos dos parceiros aqui presentes —, propomos um esforço conjunto dos parlamentos em favor de uma reforma abrangente dos organismos multilaterais. Essa reforma deve refletir, com mais proporcionalidade, a atual conjuntura geopolítica e fortalecer a voz dos países emergentes e em desenvolvimento da América Latina e Caribe, da África e da Ásia nesses espaços de decisão.
É inaceitável e, cada vez mais, flagrantemente ineficaz que estruturas decisórias do sistema ONU continuem a refletir o mundo do pós-Segunda Guerra Mundial, e não as dinâmicas geopolíticas do século XXI. Nosso compromisso com a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas é inequívoco. Um conselho mais representativo, com maior participação de países do Sul Global, é condição indispensável para a promoção da paz, da segurança internacional e da solução negociada de conflitos.
Somos, também, favoráveis à reforma da Organização Mundial do Comércio para fomentar a previsibilidade das trocas comerciais. Defendemos a necessidade do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento e a restauração do sistema de solução de controvérsias. Queremos regras comerciais que tratem a agricultura – garantia da segurança alimentar para todos – com o respeito e a justiça que nos foram prometidos, mas ainda não realizados.
Estaremos mais perto de alcançar essas aspirações se nos fortalecermos institucionalmente. Unidos, os parlamentos dos países que compõem o BRICS conformam um corpo influente e estratégico no acompanhamento de questões centrais atinentes às nossas nações e nos debates políticos e econômicos em escala mundial.
Gostaria também de destacar o papel da diplomacia parlamentar na promoção da igualdade de gênero e da inclusão de mulheres nos espaços de poder.
Tivemos a honra de sediar, ontem, a Reunião de Mulheres Parlamentares do BRICS, evento que entendemos ser fundamental para uma cooperação parlamentar mais coesa e eficiente.
Também promovemos uma frutífera Reunião de Presidentes de Comissões de Relações Exteriores dos Parlamentos do BRICS.
A formalização de encontros dessa natureza tem nosso total e entusiasmado apoio.
Senhoras e Senhores, O BRICS é uma plataforma plural e estratégica. Sua força dependerá da nossa capacidade de torná-lo ainda mais eficaz e conectado às demandas de nossos povos. A diplomacia parlamentar tem papel vital nesse processo, promovendo o controle social, aprofundando o debate público e fortalecendo os laços entre nossos legislativos. Neste mundo complexo e, mesmo, caótico em que vivemos, deixemo-nos inspirar pela lição do escritor brasileiro Ariano Suassuna: não sejamos otimistas, porque os otimistas são ingênuos; mas não sejamos pessimistas, pois os pessimistas são amargos. Sejamos realistas esperançosos.
Animados por essa invocação, façamos deste Fórum algo mais que um espaço para troca de ideias. Façamos dele um chamado à ação.
Que os frutos deste encontro se reflitam em iniciativas legislativas concretas, em projetos conjuntos e em uma visão compartilhada de futuro – uma visão realista e esperançosa.
Que, com esta iniciativa, nossos Parlamentos ofereçam uma contribuição inestimável às aspirações coletivas por mais influência no cenário internacional e mais prosperidade para os nossos povos, mediante a construção de um mundo mais justo, solidário e sustentável.
Esta é a nossa tarefa e a nossa responsabilidade.
Muito obrigado.
Reportagem – Francisco Brandão
Edição – Wilson Silveira
Fonte: Câmara dos Deputados

Nacional
Câmara instala nesta quarta-feira comissão especial para discutir projeto da nova Lei dos Portos

Será instalada nesta quarta-feira (9), às 9 horas, no plenário 15, a comissão especial da Câmara dos Deputados destinada a discutir o projeto de lei do novo marco regulatório do setor portuário (PL 733/25).
A proposta é de autoria do deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA) e replica o anteprojeto elaborado por uma comissão de juristas criada pela Câmara, que sugeriu uma nova Lei dos Portos. O anteprojeto foi aprovado por esse grupo no ano passado.
Uma das principais mudanças que o PL 733/25 traz em relação à legislação em vigor desde 2013 é o licenciamento ambiental integrado dos portos públicos, o que dispensará as licenças individualizadas para a instalação de terminais portuários e de cruzeiros.
O texto também estabelece que os preços a serem praticados pelos terminais dos portos serão negociados livremente, desde que respeitadas as normas concorrenciais. Atualmente, as tarifas portuárias são estabelecidas ou supervisionadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Da Redação – MO
Fonte: Câmara dos Deputados
Nacional
Estudantes pedem fim do teto do Fies e fiscalização das faculdades privadas

Estudantes pediram, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o fim do teto no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e a fiscalização das faculdades privadas. Em audiência pública nesta terça-feira (8), eles apontaram o alto endividamento dos alunos e a alta evasão do ensino superior. Representantes do governo prometeram solução para o teto no financiamento, mas pediram mudanças na lei para redesenho do programa, retomando seu caráter social.
O debate atende a requerimento do deputado Tadeu Veneri (PT-PR), que criticou mudanças feitas no Fies em 2017, durante o governo Temer, que, segundo ele, estabeleceu teto para o financiamento, mas não teto para o valor das mensalidades, gerando endividamento dos estudantes.
“Nós estamos tendo uma grande quantidade de evasão não voluntária – evasão por falta absoluta de condição de pagamento e de solução de continuidade”, disse. “O aluno entra com uma determinada mensalidade, como tem durante o ano dois reajustes, normalmente acima da inflação, isso faz com que esses mesmos alunos, ao término de um determinado período, acabem tendo que abandonar, sair do curso por falta de condições de pagamento”, complementou.

Mudanças legislativas
Representante do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), André Gustavo Carvalho também criticou as mudanças feitas no Fies, aprovadas pelo Legislativo em 2017, prevendo necessariamente co-participação dos alunos no financiamento. Segundo ele, o governo Lula tentou reverter os prejuízos por meio de resolução instituindo o chamado Fies Social, que prevê a possibilidade de até 100% de financiamento para estudantes com renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo e inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Porém, mesmo com o Fies Social, estudantes muitas vezes têm que arcar com valores incompatíveis com suas realidades, já que há um teto para o valor do financiamento.
Segundo André Carvalho, o governo estuda soluções para o teto do Fies e principalmente para a evasão escolar, mas ele defende também novas alterações legislativas para que o programa volte a ter caráter social. “Não adianta tapar um buraco com um band-aid. Não adianta pensar só no teto, que já foi ajustado – em 2023 a gente fez um aumento do teto, que passou de R$ 52 mil para R$ 60 mil -, mas em 2024 já estava desatualizado. Como diria Dom Quixote, é lutar contra moinhos de vento: é resolver o problema num ano, sabendo que no ano seguinte o problema vai voltar a existir”, disse.
Demandas dos alunos
Representante do Movimento Fies Sem Teto e estudante de medicina, João Victor da Silva ressaltou que hoje 98% das vagas ofertadas no ensino superior são de instituições privadas, ou seja, para ter a promoção do acesso à educação são necessárias políticas como o Fies e o ProUni (Programa Universidade para Todos), além do investimento em universidades públicas.
“Medicina sempre foi um curso muito elitista, e o Fies veio para combater isso, mas, no atual momento do Fies, medicina está voltando a ser um curso elitista, e eu pergunto: que tipo de médicos e médicas queremos formar?”, questionou.
Conforme ele, se o teto do Fies não aumentar, nem ele nem a grande maioria dos estudantes de Medicina conseguirá continuar estudando. “Além do aumento do teto, a gente entende como de extrema importância uma série de políticas assistencialistas que consigam fazer com que o estudante permaneça [na faculdade], principalmente a fiscalização das universidades”, acrescentou. Ele afirmou que hoje não há órgão ou canal de denúncia sobre problemas enfrentados pelos alunos nas instituições.
Valores das mensalidades
Levy Araújo da Silva, também do Movimento Fies Sem Teto, questionou: “Por que permitir a abertura de novos cursos de Medicina, desenfreadamente, quando já se passa uma crise gigante no Fies? E a maioria desses cursos que foram abertos podem aderir ao programa, então isso é mais um peso em cima do fundo garantidor, que viabiliza o programa, isso gera uma maior demanda orçamentária e impacta diretamente no não aumento do teto do Fies.”
Ele questionou os valores cobrados pelas faculdades e também pediu fiscalização das universidades: “Um curso de Medicina numa universidade pública não custa R$ 15 mil não, então por que uma universidade particular cobra esse valor tão exorbitante? E muitas delas nem têm hospital universitário e utilizam da máquina pública para realizar seus estágios, os procedimentos necessário”, apontou.
Regulamentação efetiva
Diretora de Universidades Privadas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Victoria Matos criticou a falta de regulamentação efetiva das faculdades privadas, possibilitando a cobrança de mensalidades em valores superiores ao teto coberto pelo Fies.
“Não é natural que um estudante, mesmo usufruindo do teto do programa, tenha que pagar R$ 3, R$ 4 mil de mensalidade”, disse. “As universidades privadas no Brasil precisam mostrar as suas contas, precisam abrir as planilhas de contas e mostrar, justificar para onde está indo o recurso público que é executado por meio do Prouni e do Fies”, complementou. Ela acrescentou que é preciso pensar em ferramentas para que o estudante possa quitar as dívidas com os programas.
Visão do ministério
Diretor de Políticas e Programas de Educação Superior do Ministério da Educação, Adilson Santana de Carvalho também atribuiu a “elitização do Fies” às mudanças feitas no programa em 2017, devido à exigência de co-participação dos estudantes nas mensalidades, em média de 30%. Segundo ele, a média das mensalidades gira em torno de R$ 1 mil, R$ 1,2 mil, o que significa que o estudante tem que pagar cerca R$ 400 do seu bolso, fora gastos com alimentação, transporte para a universidade e livros , levando a taxa de evasão a níveis preocupantes.
Na avaliação dele, o pior cenário possível é o do estudante que não completou o curso e sai do programa com dívida que vai ter muita dificuldade de saldar. Ele reiterou que o governo Lula tentou resolver o problema com a criação do Fies Social, mas no caso de Medicina isso não resolveu, por conta do teto de financiamento, que não cobre o alto valor das mensalidades.
“A gente está trabalhando diuturnamente debruçado sobre o problema específico do aumento do teto, para tentar solução imediata para esses estudantes, mas a gente precisa pensar realmente num redesenho do Fies que consiga endereçar esse problema de forma sistêmica”, reiterou. Segundo ele, pelo desenho atual, quando as faculdades aumentarem a mensalidade novamente, o problema do teto volta a aparecer. Ele também defende um novo desenho que retome o caráter social do programa.
Respostas aos estudantes
O deputado Tadeu Veneri garantiu que todas as demandas serão encaminhadas aos ministros da Educação e da Casa Civil e garantiu que o governo Lula em breve anunciará uma solução.
De acordo com André Carvalho, do FNDE, denúncias sobre as faculdades podem ser feitas por meio da plataforma Fala.br, e a fiscalização é feita pela Secretaria de Educação Superior (Sesu), mas a secretaria não tem o poder de exigir ou obrigar a faculdade privada a reduzir os valores da mensalidade.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra
Fonte: Câmara dos Deputados
Nacional
Governo e produtores rurais apoiam mudanças em descontos na energia elétrica usada na irrigação

Representantes do governo federal e de produtores rurais apoiaram nesta terça-feira (8), em debate na Câmara dos Deputados, mudanças nas regras para descontos especiais nas contas de energia elétrica em atividades de irrigação e aquicultura.
A audiência pública na Comissão de Minas e Energia foi proposta pelo deputado Danilo Forte (União-CE), autor do Projeto de Lei 1638/25. Pelo texto, o produtor rural poderá escolher o melhor horário para ter direito a abatimento na tarifa.
Até maio, a Lei do Setor Elétrico previa para atividades de irrigação e aquicultura descontos entre as 21h30 e as 6 horas. A Medida Provisória 1300/25, em vigor, manteve o benefício por oito horas e 30 minutos, mas ao longo do dia, a critério da distribuidora.
“Na vigência da medida provisória, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já poderia antecipar as medidas regulatórias”, avaliou Danilo Forte. “É importante verificarmos a possibilidade de os produtores se beneficiarem de imediato.”
Assessora da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Jordana Girardello disse, no debate, que os subsídios à irrigação e à aquicultura representam apenas 3% dos R$ 48,4 bilhões em benefícios a consumidores de energia elétrica.
Atualmente, segundo Jordana, a irrigação é fundamental para o cultivo de café, arroz, feijão e hortaliças e na criação de aves. É preciso, porém, observar características regionais e de cada cultura para a escolha dos melhores horários para irrigação.
“O uso da irrigação agrega valor, melhorando a economia, a empregabilidade e a qualidade de vida dos produtores e das pessoas”, disse a assessora da CNA. No Vale do São Francisco, na região Nordeste, a criação de perímetros públicos irrigados para fruticultura explicariam parte dos avanços no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Para Jornada Girardello, “o melhor dos mundos” seria a ampliação do intervalo de oito horas e 30 minutos para os descontos especiais, já que existe hoje excedente de energia das 11 horas às 15 horas, devido à geração em usinas termelétricas e eólicas.
Abrangência
A assessora da CNA também defendeu o texto do PL 1638/25 em vez daquele da MP 1300/25. Para ela, a versão de Danilo Forte dá mais garantias aos produtores, que poderão escolher os melhores horários para o uso de água e energia elétrica.
“Podemos sinalizar para o deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), relator da MP, que o texto do projeto tem abrangência maior e melhora, do ponto de vista legislativo, a participação no Congresso Nacional no debate”, avaliou Danilo Forte.
Ajustes
Já o presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Diego Andrade (PSD-MG), disse que defenderá ajustes na MP junto ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em audiência pública prevista para amanhã (9).
Participaram da audiência pública os deputados Benes Leocádio (União-RN), Domingos Sávio (PL-MG), Igor Timo (PSD-MG) e Tião Medeiros (PP-PR); o diretor do Ministério de Minas e Energia Frederico Teles; o coordenador-geral do Ministério da Agricultura e Pecuária, Gustavo Goretti; o diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica Marcello Cabral; e o prefeito de São Gotardo (MG), Makoto Sekita (PSD), também da Associação dos Irrigantes do Alto Paranaíba.
Reportagem – Ralph Machado
Edição – Marcelo Oliveira
Fonte: Câmara dos Deputados
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