Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Artigos

Toda escola é feita de pessoas inteiras 

Publicado

Márcia Amorim Pedr’Angelo é psicopedagoga

A qualidade da educação começa pelas pessoas que a constroem todos os dias.

Uma escola viva não se sustenta apenas em métodos ou estruturas, mas na presença daqueles que ensinam, acolhem e tornam o aprendizado possível.

Quando o professor está bem, a escola respira melhor. Cuidar de quem ensina é reconhecer que o equilíbrio emocional, a escuta e o tempo de preparo fazem parte do ato de educar.

O professor não é mediador de conteúdo, é referência, exemplo e afeto em movimento.

Quando o excesso de demandas invade o espaço da reflexão e da criação, o ensinar perde sentido.

Saúde docente é um conceito amplo. Envolve corpo, mente e propósito. É o professor ter espaço para pensar, planejar e também descansar. É contar com lideranças que inspirem e com colegas que compartilhem responsabilidades.

Ninguém educa sozinho. A formação continuada é outro pilar essencial.

Ela não deve ser vista como obrigação, mas como parte da identidade profissional. Estudar, trocar experiências e renovar repertórios são gestos que fortalecem a autoestima e devolvem ao professor a alegria de ensinar.

Valorizar o professor é reconhecer que ele é o eixo que sustenta a escola. Não se trata apenas de celebrar uma data, mas de garantir dignidade, condições de trabalho e escuta permanente.

O reconhecimento que transforma não está em discursos, mas em políticas e práticas que assegurem formação, tempo e respeito.

Veja Mais:  Tristeza e depressão podem fazer emagrecer?

Quando a sociedade entende o valor de quem ensina, a educação se torna prioridade e não promessa. Mais do que reconhecer o esforço, é oferecer condições reais para que o trabalho aconteça.

Salas equipadas, tempos organizados e uma gestão que confie na equipe são demonstrações concretas de respeito. É nesse ambiente que o professor floresce com autonomia e segurança.

Neste mês em que celebramos o Dia dos Professores, é tempo de lembrar que toda escola é feita de pessoas inteiras. Quando o professor está inteiro, o conhecimento se torna experiência.

E é dessa presença que nasce a educação que transforma. Márcia Amorim Pedr’Angelo é psicopedagoga, fundadora das escolas Toque de Mãe e Unicus, e coordenadora da Unesco para a Educação em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Comentários Facebook

Artigos

A Caneta que Sangra: Crônica de uma Crueldade Institucional

Publicado

Por vezes, a crueldade se veste de legalidade. Usa terno, gravata, carimbos oficiais. Fala em “adequação normativa”, em “conformidade legal”, em “responsabilidade fiscal”. E assim, com a frieza de quem assina uma planilha, decide-se pela penúria de centenas de famílias.

Em Cuiabá, médicos e servidores da saúde acabam de descobrir, pela imprensa oficial, porque o diálogo parece ser artigo de luxo nesta república, que suas remunerações serão drasticamente reduzidas.

O adicional de insalubridade, pago há mais de uma década de uma determinada forma, será “corrigido”. Corrigido. Que palavra elegante para descrever o ato de esvaziar os bolsos de quem trabalha respirando tuberculose, atendendo pacientes com doenças infectocontagiosas, suportando jornadas extenuantes em unidades de saúde que mais parecem cenários de guerra.

A justificativa? Adequação à lei. Como se a lei fosse um ente abstrato, descolado da realidade, indiferente ao fato de que pessoas organizaram suas vidas — pagaram escolas dos filhos, assumiram financiamentos, cuidaram de pais idosos — confiando que o Estado, aquele mesmo que lhes exige dedicação e sacrifício, manteria minimamente sua palavra.

 

A Assimetria da Dor

O que mais indigna nesta história não é apenas a redução em si, mas a seletividade cirúrgica da penúria. Enquanto médicos que atendem em condições precárias terão seus vencimentos cortados sem cerimônia, sem transição, sem um único real de compensação, outras categorias — ah, outras categorias! — seguem blindadas.

Os mesmos órgãos que agora recomendam, exigem, determinam a redução dos vencimentos dos servidores da saúde preservam, para si mesmos, não apenas o subsídio constitucional, mas um generoso cardápio de auxílios, indenizações e vantagens. Férias não gozadas? Indenizadas. Moradia? Auxílio. Alimentação? Auxílio. Saúde? Auxílio. E por aí vai, numa coreografia de privilégios que faria inveja a qualquer monarca absolutista.

Existe uma mensagem implícita, mas cristalina, nesta assimetria: há cidadãos de primeira classe, aqueles que legislam e decidem em causa própria, que fiscalizam, e há os demais. Os médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde pertencem, nesta lógica perversa, à segunda categoria. Podem ser sacrificados no altar do ajuste fiscal. Contra eles o rigor da interpretação fria da lei, como abstração genérica que paira acima das família endividadas.  Afinal, quem são eles senão meros executores de políticas públicas?

Veja Mais:  Tristeza e depressão podem fazer emagrecer?

 

O Estado Esquizofrênico

A esquizofrenia institucional brasileira revela-se em sua forma mais grotesca quando o mesmo município que corta vencimentos de quem salva vidas aumenta, concomitantemente, a remuneração de cargos comissionados. Traduzindo do burocratês para o português claro: tira-se de quem trabalha na linha de frente, em condições insalubres, para dar a quem ocupa cadeiras políticas, muitas vezes sem qualquer qualificação técnica.

Não bastasse, há um histórico que faria corar qualquer gestor minimamente comprometido com a legalidade: gratificações criadas por simples portaria, plantões extras pagos sem base legal, uma “folha paralela”.

Irregularidades que, curiosamente, foram são toleradas por anos a fio pelos órgãos de controle. Mas quando se trata de retirar direitos consolidados de servidores essenciais, ah, aí a lei deve ser aplicada com o rigor de um algoz medieval.

Por Que Ninguém Mais Respeita as Instituições

E depois nos perguntamos, entre cafés e conversas de botequim, por que a população brasileira perdeu o respeito pelas instituições públicas. Por que há tanto cinismo, tanta descrença, tanto desprezo pelo discurso oficial.

A resposta está aqui, escancarada, nesta e em mil outras histórias iguais: porque as instituições aplicam duas medidas, dois pesos, duas varas. Uma para os seus, outra para os demais. Porque pregam austeridade para os outros enquanto nadam em benesses. Porque falam em “responsabilidade fiscal” enquanto mantêm penduricalhos que custariam o orçamento de pequenos municípios.

Veja Mais:  A quem interessa o agronegócio?

Como respeitar um Tribunal que exige cortes na saúde mas preserva seus próprios supersalários? Como confiar num Ministério Público que recomenda redução de vencimentos de médicos mas blinda seus membros de qualquer decesso? Como acreditar num Estado que, com uma mão, aplaude os heróis da pandemia e, com a outra, esvazia seus contracheques?

 

A Crônica de um Desrespeito Anunciado

Há algo profundamente imoral, e uso esta palavra pesada conscientemente, em alterar, de forma abrupta, a remuneração de quem há mais de dez anos planeja sua vida financeira baseado numa prática consolidada. Não se trata de defender ilegalidades. Trata-se de reconhecer que pessoas não são números numa planilha. Que por trás de cada contracheque reduzido há um filho que terá que mudar de escola, um idoso que ficará sem medicação, uma família inteira jogada na insegurança.

E se, de fato, havia irregularidade no pagamento, a solução civilizada, aquela que um Estado minimamente responsável adotaria, seria a transição gradual, a negociação transparente, a instituição de medidas compensatórias. Mas civilidade, ao que parece, é mercadoria rara neste Brasil de desigualdades institucionalizadas.

E o mais absurdo, neste Estado Democrático da Desigualdade promovida pelo Estado, é pensar que, uma empresa da iniciativa privada, jamais poderia fazer isso, pois na CLT vantagens pagas por mais de dez anos, são incorporadas aos salários.

O Silêncio Cúmplice

O mais ensurdecedor nesta história toda, porém, é o silêncio. O silêncio de quem poderia, deveria intervir. O silêncio dos que se dizem defensores do interesse público, mas que, diante da violação escancarada de direitos de trabalhadores essenciais, preferem a inação.

Porque, no fundo, todos sabem: mexer com médicos, enfermeiros, com a ralé que mantém o sistema público de saúde funcionando, não tem custo político. Não rende manchete, não mobiliza opinião pública, não ameaça carreiras. Diferente seria se a medida atingisse os próprios palácios do poder.

Veja Mais:  Aids — o vírus do preconceito agride mais que a doença

E assim, entre silêncios cúmplices e canetadas cruéis, vai se construindo o deserto de credibilidade em que vivemos. Cada injustiça institucional é uma pedra a mais no muro da desconfiança. Cada privilégio preservado às custas do sacrifício alheio é mais um tijolo na fortaleza do cinismo.

 

O Preço da Descrença

Ao final, todos pagaremos o preço desta hipocrisia sistêmica. Porque quando médicos deixam a rede pública, e deixarão, podem apostar, quem sofrerá será a população mais pobre, aquela que depende do SUS. Quando a qualidade do serviço desabar, e desabará, não serão os magistrados, promotores ou conselheiros que enfrentarão filas intermináveis nas UPAs. Serão os mesmos de sempre: os esquecidos, os invisíveis, os que não têm voz.

E aí, quando o sistema entrar em colapso, virão os discursos inflamados sobre a “crise da saúde pública”, sobre a “necessidade de mais investimentos”, sobre o “compromisso com o povo”. Discursos vazios, proferidos pelos mesmos que hoje, com suas canetadas insensíveis, plantam as sementes do caos que fingirão lamentar amanhã.

Enquanto isso, em Cuiabá, médicos organizam assembleias, sindicatos protestam, famílias refazem orçamentos apertados. A vida segue, como sempre seguiu para quem não tem o privilégio da blindagem institucional, não pode legislar em causa própria.

E o Brasil, este país de contrastes obscenos, segue sua marcha inexorável rumo ao abismo da desigualdade, embalado pela sinfonia hipócrita de quem prega sacrifícios que jamais fará.

A caneta que assina estes atos administrativos deveria, ao menos, ter a decência de sangrar. Mas canetas, assim como certos gestores, não têm coração. E talvez seja exatamente por isso que estejamos onde estamos.

Cuiabá, outubro de 2025.

Adeildo Lucena- presidente do Sindimed-MT e

Bruno Álvares- advogado do escritório Vaucher e Álvares e assessor jurídico do Sindimed-MT

Comentários Facebook
Continue lendo

Artigos

Saúde é viver com alma

Publicado

Tabata Mazetto é psicóloga e aromaterapeuta.

Durante muito tempo, quando eu falava sobre saúde, concentrava minhas reflexões no campo emocional. Costumava explicar como a mente influencia o corpo, como as emoções reprimidas se manifestam fisicamente e de que forma os óleos essenciais podem ajudar a equilibrar aquilo que muitas vezes não conseguimos expressar. No entanto, depois de quase oito anos trabalhando com mulheres, percebi que existe uma dimensão da saúde que raramente é discutida: a saúde financeira.

À primeira vista, pode parecer estranho associar dinheiro à saúde, mas ele atravessa nossas emoções, relacionamentos e até a forma como nos enxergamos. Tenho visto mulheres incríveis, cheias de dons e talentos, adoecendo por viverem rotinas que não as representam. Trocam horas da própria vida por um salário que não preenche a alma. Trabalham de segunda a sábado e sobrevivem aos domingos. Quando chega a noite, uma tristeza silenciosa costuma aparecer — é o corpo tentando dizer que não quer mais viver assim.

O que muitos chamam de desmotivação é, na verdade, a falta de saúde da alma. É o momento em que a pessoa deixa de sonhar, de criar, de se permitir e de desejar. Quando esquece o que queria ser quando criança porque alguém, em algum momento, disse que era impossível. E o mais triste é que a maioria de nós acredita.

A boa notícia é que é possível voltar a sonhar. E foi isso que aconteceu comigo.
Por meio da aromaterapia e do empreendedorismo, encontrei um caminho de liberdade. Comecei a cuidar não só do meu corpo e das minhas emoções, mas também da minha vida financeira, e essa mudança transformou tudo. Empreender com propósito me devolveu o brilho nos olhos e a sensação de estar viva, inteira, saudável.

Veja Mais:  Dislexia dificulta identificação de palavras

Hoje entendo que saúde não é apenas a ausência de doença. É viver em coerência com quem somos, dormir tranquila porque o que fazemos durante o dia tem sentido, e acordar com entusiasmo porque há um propósito em cada segunda-feira. A verdadeira saúde é integral, reunindo o equilíbrio emocional, físico, espiritual e financeiro. Cuidar dessa área não é ganância, é autocuidado. Quando uma mulher conquista liberdade, ela inspira outras a fazerem o mesmo. E é assim que a cura se multiplica.

Com o tempo, aprendi uma lição importante: não existe lavanda capaz de fazer uma mãe com contas atrasadas relaxar. Percebi que ainda existem muitos tabus quando o assunto é cobrar por um serviço, uma consulta ou uma mentoria. É como se falar de dinheiro fosse algo impuro ou prosperar fosse errado.

Mas, como disse Carl Jung: “Aquilo a que você resiste, persiste.”

Enquanto resistirmos à prosperidade, permaneceremos presas à escassez. Foi preciso desconstruir essa crença e entender que meu trabalho tem valor, que pode gerar impacto, abundância e transformação através do que faço. Desde então, tenho formado centenas de aromaterapeutas que estão aprendendo a unir propósito, liberdade e prosperidade em um mesmo caminho.

Talvez seja hora de olharmos para a saúde de uma forma mais ampla, permitindo que ela envolva nossos sonhos, nossa prosperidade e nossa paz. Afinal, viver bem é muito mais do que ter saúde: é viver com sentido.

Comentários Facebook
Continue lendo

Artigos

A melhor profissão do mundo

Publicado

Ser professor é, acima de tudo, assumir um compromisso com o futuro não apenas o próprio, mas o da sociedade

Happy African American teacher holding a class and pointing at student with raised arm who wants to answer the question.

Hoje fala-se muito sobre a importância de escolher uma profissão que permita à pessoa concretizar seus propósitos pessoais. Uma profissão que encante, que seja reconhecida e que permita ser lembrada pelos seus feitos. No entanto, toda realização profissional está fundamentada na competência. Esta é a condição básica para que o indivíduo seja visto, receba oportunidades e se consolide profissionalmente, independentemente da área escolhida.

Partindo dessa premissa, passamos a avaliar a questão do propósito, que, em essência, é um objetivo. Atualmente, essa palavra é compreendida, nas discussões vocacionais, de forma mais humanizada: trata-se de um objetivo carregado de valores relevantes para a sociedade. Ter um propósito não significa mais apenas ter um objetivo, mas sim um objetivo que cause um impacto positivo na vida de outras pessoas, gerando um legado.

O encantamento é uma via de mão dupla. Uma profissão deve encantar aqueles que recebem a ação do profissional, assim como deve encantar o próprio profissional, que se torna um eterno apaixonado pelo que faz. Uma pessoa que, por meio de sua prática, se retroalimenta e se fortalece para a continuidade de sua missão. O reconhecimento, por sua vez, ocorre pelos olhos dos outros — daqueles que recebem a ação do profissional ou daqueles que a observam. Trata-se da admiração mantida pelo espectador diante da obra realizada.

Veja Mais:  Tristeza e depressão podem fazer emagrecer?

E não menos importante é a questão da memória: uma profissão que permite ao profissional ser lembrado de forma efetiva e positiva. Um afeto que se estende até a terceiros, que recebem, muitas vezes por meio das palavras, a partilha da experiência vivida por aqueles que foram impactados pelo trabalho desse profissional. Pois bem, parece-me que essa profissão, carregada de propósitos, encantadora, reconhecida e que torna seus profissionais eternamente lembrados, já existe há muito tempo. Ela não está listada como uma profissão do futuro, mas sim entre as mais antigas da sociedade global.

Os antigos filósofos exerceram essa profissão ao dedicar suas vidas a oferecer aos outros seus conhecimentos, reflexões e contribuições para que pudessem evoluir. Podemos afirmar que esses pensadores foram tão fiéis aos seus propósitos que seus pensamentos originais alimentam novas ideias até os dias de hoje.

Essa profissão, a qual me refiro, gera um encantamento único. Por vezes, seus profissionais ocupam um lugar de maior confiança até mesmo do que os pais e mães. O que esses profissionais falam torna-se uma base sólida para a formação de opinião. Eles encantam aqueles que recebem sua atenção e, da mesma forma, são encantados pelo que fazem e pelo afeto que recebem, tornando-se cada vez mais dedicados à sua técnica e ao seu propósito.

Veja Mais:  Dislexia dificulta identificação de palavras

O reconhecimento é uma constante. Não há quem passe pela vida tendo recebido a atenção desses profissionais que não os aponte com orgulho. E, por fim, a memória: ninguém esquece o profissional que inspirou, que tocou seu coração, que dedicou parte da vida para tornar a vida dos outros melhor. Todo mundo tem um professor para chamar de seu.

Ser professor é, acima de tudo, assumir um compromisso com o futuro — não apenas o próprio, mas o da sociedade. É exercer uma profissão que combina propósito, encantamento, reconhecimento e memória, elementos que hoje buscamos nas carreiras mais valorizadas e inovadoras. Mais do que isso, ser professor é ser um agente transformador, um eterno aprendiz e um exemplo de dedicação que inspira gerações. É a prova viva de que o que realmente importa não são apenas as tecnologias ou as tendências do mercado, mas a capacidade humana de educar, conectar e construir legados.

Portanto, ao refletirmos sobre as profissões do presente e do futuro, não podemos deixar de reconhecer que muito do que desejamos encontrar está, há séculos, no exercício apaixonado da docência. A melhor profissão do mundo continua sendo a que forma as mentes, cultiva valores e constrói o amanhã: ser professor.

Artigo de Luiz Gustavo Mendes, diretor do Colégio Marista João Paulo II.

Comentários Facebook
Continue lendo

ALMT Segurança nas Escolas

Rondonópolis

Polícia

Esportes

Famosos

Mais Lidas da Semana