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É preciso desmistificar e atrair investimentos

Alberto Scaloppe
Ainda faltam dois anos e meio para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-30). Pode parecer muito tempo, mas basta piscar os olhos e o tempo passa. A expectativa do presidente Luís Inácio Lula da Silva é grande. Ele quer mobilizar a comunidade internacional para trazer recursos para a conservação e preservação do meio ambiente, especialmente, da Amazônia brasileira.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que tem a intenção de doar 20 milhões de euros para o Fundo Amazônia. O montante representa pouco mais de R$ 100 milhões. Além do aporte para o Fundo Amazônia, von der Leyen afirmou que a União Europeia pretende investir outros 10 bilhões de euros na América Latina e no Caribe.
Os investimentos se darão pelo programa global gateway, que foca no desenvolvimento de infraestrutura com foco na adaptação climática e na sustentabilidade. Agora é a hora dos representantes e entidades mato-grossenses se juntarem ao Governo Federal em busca de recursos internacionais. É hora de falar sobre os números positivos que Mato Grosso tem quando o assunto é preservação.
É preciso desmistificar esta imagem de que o estado é o vilão quando o assunto é meio ambiente. Deve-se convergir as políticas para o mesmo objetivo. Nem o Brasil e muito menos Mato Grosso precisa desmatar, porém precisamos de recursos para oferecer como subsídio e também como incentivo para os produtores que já investem na conservação e preservação do meio ambiente.
Os números demonstram que nos últimos 20 anos os produtores rurais investiram no aumento de produtividade para produzir mais em menos espaço. Com esta desmistificação, vamos conseguir atrair aqueles que têm interesse em desenvolvimento sustentável, o que automaticamente eleva a responsabilidade do Brasil em se tornar cada vez mais autossustentável.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com base nos dados do Sistema do Cadastro Ambiental Rural (Sicar) de 2018, Mato Grosso possui mais de 35,4 milhões de hectares de áreas preservadas dentro das propriedades rurais, ou seja, 39,2% do total do território estadual. E quando se fala de terras indígenas, o número gira em torno de 17 milhões de hectares preservados.
Isso representa 18,9% do que está preservado. Fazendo uma simples comparação a preservação nas propriedades rurais é de 108,2% maior que nas unidades de conservação e terras indígenas somadas. Ainda de acordo com os dados publicados pela Embrapa, produtores mato-grossenses investem, anualmente, para se tornar mais eficiente a cada safra.
Dados mostram que em 2004, a área plantada de grãos era de 7,6 milhões de hectares e o desmatamento foi de 1,18 milhão de hectares. Já em 2018, a área colhida aumentou em 98,4%, indo para 15,1 milhões de hectares e o desmatamento despencou para 149 mil hectares, uma redução de 87,4% no desmatamento no estado.
Não tenho dúvida que existem muitos produtores que arduamente calejaram as mãos trabalhando diuturnamente para produzirem alimentos e sustentar suas famílias, que além de produzirem, também preservam ao limite da lei. Mas é preciso mais, se faz necessário que haja maior engajamento ambiental, proteger o meio ambiente nunca é de menos, muito menos bandeira partidária, é bandeira humanitária.
*Alberto Scaloppe é advogado sócio do escritório Scaloppe Advogados Associados, em Cuiabá
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Toda escola é feita de pessoas inteiras

Márcia Amorim Pedr’Angelo é psicopedagoga
A qualidade da educação começa pelas pessoas que a constroem todos os dias.
Uma escola viva não se sustenta apenas em métodos ou estruturas, mas na presença daqueles que ensinam, acolhem e tornam o aprendizado possível.
Quando o professor está bem, a escola respira melhor. Cuidar de quem ensina é reconhecer que o equilíbrio emocional, a escuta e o tempo de preparo fazem parte do ato de educar.
O professor não é mediador de conteúdo, é referência, exemplo e afeto em movimento.
Quando o excesso de demandas invade o espaço da reflexão e da criação, o ensinar perde sentido.
Saúde docente é um conceito amplo. Envolve corpo, mente e propósito. É o professor ter espaço para pensar, planejar e também descansar. É contar com lideranças que inspirem e com colegas que compartilhem responsabilidades.
Ninguém educa sozinho. A formação continuada é outro pilar essencial.
Ela não deve ser vista como obrigação, mas como parte da identidade profissional. Estudar, trocar experiências e renovar repertórios são gestos que fortalecem a autoestima e devolvem ao professor a alegria de ensinar.
Valorizar o professor é reconhecer que ele é o eixo que sustenta a escola. Não se trata apenas de celebrar uma data, mas de garantir dignidade, condições de trabalho e escuta permanente.
O reconhecimento que transforma não está em discursos, mas em políticas e práticas que assegurem formação, tempo e respeito.
Quando a sociedade entende o valor de quem ensina, a educação se torna prioridade e não promessa. Mais do que reconhecer o esforço, é oferecer condições reais para que o trabalho aconteça.
Salas equipadas, tempos organizados e uma gestão que confie na equipe são demonstrações concretas de respeito. É nesse ambiente que o professor floresce com autonomia e segurança.
Neste mês em que celebramos o Dia dos Professores, é tempo de lembrar que toda escola é feita de pessoas inteiras. Quando o professor está inteiro, o conhecimento se torna experiência.
E é dessa presença que nasce a educação que transforma. Márcia Amorim Pedr’Angelo é psicopedagoga, fundadora das escolas Toque de Mãe e Unicus, e coordenadora da Unesco para a Educação em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
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A Caneta que Sangra: Crônica de uma Crueldade Institucional
Por vezes, a crueldade se veste de legalidade. Usa terno, gravata, carimbos oficiais. Fala em “adequação normativa”, em “conformidade legal”, em “responsabilidade fiscal”. E assim, com a frieza de quem assina uma planilha, decide-se pela penúria de centenas de famílias.
Em Cuiabá, médicos e servidores da saúde acabam de descobrir, pela imprensa oficial, porque o diálogo parece ser artigo de luxo nesta república, que suas remunerações serão drasticamente reduzidas.
O adicional de insalubridade, pago há mais de uma década de uma determinada forma, será “corrigido”. Corrigido. Que palavra elegante para descrever o ato de esvaziar os bolsos de quem trabalha respirando tuberculose, atendendo pacientes com doenças infectocontagiosas, suportando jornadas extenuantes em unidades de saúde que mais parecem cenários de guerra.
A justificativa? Adequação à lei. Como se a lei fosse um ente abstrato, descolado da realidade, indiferente ao fato de que pessoas organizaram suas vidas — pagaram escolas dos filhos, assumiram financiamentos, cuidaram de pais idosos — confiando que o Estado, aquele mesmo que lhes exige dedicação e sacrifício, manteria minimamente sua palavra.
A Assimetria da Dor
O que mais indigna nesta história não é apenas a redução em si, mas a seletividade cirúrgica da penúria. Enquanto médicos que atendem em condições precárias terão seus vencimentos cortados sem cerimônia, sem transição, sem um único real de compensação, outras categorias — ah, outras categorias! — seguem blindadas.
Os mesmos órgãos que agora recomendam, exigem, determinam a redução dos vencimentos dos servidores da saúde preservam, para si mesmos, não apenas o subsídio constitucional, mas um generoso cardápio de auxílios, indenizações e vantagens. Férias não gozadas? Indenizadas. Moradia? Auxílio. Alimentação? Auxílio. Saúde? Auxílio. E por aí vai, numa coreografia de privilégios que faria inveja a qualquer monarca absolutista.
Existe uma mensagem implícita, mas cristalina, nesta assimetria: há cidadãos de primeira classe, aqueles que legislam e decidem em causa própria, que fiscalizam, e há os demais. Os médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde pertencem, nesta lógica perversa, à segunda categoria. Podem ser sacrificados no altar do ajuste fiscal. Contra eles o rigor da interpretação fria da lei, como abstração genérica que paira acima das família endividadas. Afinal, quem são eles senão meros executores de políticas públicas?
O Estado Esquizofrênico
A esquizofrenia institucional brasileira revela-se em sua forma mais grotesca quando o mesmo município que corta vencimentos de quem salva vidas aumenta, concomitantemente, a remuneração de cargos comissionados. Traduzindo do burocratês para o português claro: tira-se de quem trabalha na linha de frente, em condições insalubres, para dar a quem ocupa cadeiras políticas, muitas vezes sem qualquer qualificação técnica.
Não bastasse, há um histórico que faria corar qualquer gestor minimamente comprometido com a legalidade: gratificações criadas por simples portaria, plantões extras pagos sem base legal, uma “folha paralela”.
Irregularidades que, curiosamente, foram são toleradas por anos a fio pelos órgãos de controle. Mas quando se trata de retirar direitos consolidados de servidores essenciais, ah, aí a lei deve ser aplicada com o rigor de um algoz medieval.
Por Que Ninguém Mais Respeita as Instituições
E depois nos perguntamos, entre cafés e conversas de botequim, por que a população brasileira perdeu o respeito pelas instituições públicas. Por que há tanto cinismo, tanta descrença, tanto desprezo pelo discurso oficial.
A resposta está aqui, escancarada, nesta e em mil outras histórias iguais: porque as instituições aplicam duas medidas, dois pesos, duas varas. Uma para os seus, outra para os demais. Porque pregam austeridade para os outros enquanto nadam em benesses. Porque falam em “responsabilidade fiscal” enquanto mantêm penduricalhos que custariam o orçamento de pequenos municípios.
Como respeitar um Tribunal que exige cortes na saúde mas preserva seus próprios supersalários? Como confiar num Ministério Público que recomenda redução de vencimentos de médicos mas blinda seus membros de qualquer decesso? Como acreditar num Estado que, com uma mão, aplaude os heróis da pandemia e, com a outra, esvazia seus contracheques?
A Crônica de um Desrespeito Anunciado
Há algo profundamente imoral, e uso esta palavra pesada conscientemente, em alterar, de forma abrupta, a remuneração de quem há mais de dez anos planeja sua vida financeira baseado numa prática consolidada. Não se trata de defender ilegalidades. Trata-se de reconhecer que pessoas não são números numa planilha. Que por trás de cada contracheque reduzido há um filho que terá que mudar de escola, um idoso que ficará sem medicação, uma família inteira jogada na insegurança.
E se, de fato, havia irregularidade no pagamento, a solução civilizada, aquela que um Estado minimamente responsável adotaria, seria a transição gradual, a negociação transparente, a instituição de medidas compensatórias. Mas civilidade, ao que parece, é mercadoria rara neste Brasil de desigualdades institucionalizadas.
E o mais absurdo, neste Estado Democrático da Desigualdade promovida pelo Estado, é pensar que, uma empresa da iniciativa privada, jamais poderia fazer isso, pois na CLT vantagens pagas por mais de dez anos, são incorporadas aos salários.
O Silêncio Cúmplice
O mais ensurdecedor nesta história toda, porém, é o silêncio. O silêncio de quem poderia, deveria intervir. O silêncio dos que se dizem defensores do interesse público, mas que, diante da violação escancarada de direitos de trabalhadores essenciais, preferem a inação.
Porque, no fundo, todos sabem: mexer com médicos, enfermeiros, com a ralé que mantém o sistema público de saúde funcionando, não tem custo político. Não rende manchete, não mobiliza opinião pública, não ameaça carreiras. Diferente seria se a medida atingisse os próprios palácios do poder.
E assim, entre silêncios cúmplices e canetadas cruéis, vai se construindo o deserto de credibilidade em que vivemos. Cada injustiça institucional é uma pedra a mais no muro da desconfiança. Cada privilégio preservado às custas do sacrifício alheio é mais um tijolo na fortaleza do cinismo.
O Preço da Descrença
Ao final, todos pagaremos o preço desta hipocrisia sistêmica. Porque quando médicos deixam a rede pública, e deixarão, podem apostar, quem sofrerá será a população mais pobre, aquela que depende do SUS. Quando a qualidade do serviço desabar, e desabará, não serão os magistrados, promotores ou conselheiros que enfrentarão filas intermináveis nas UPAs. Serão os mesmos de sempre: os esquecidos, os invisíveis, os que não têm voz.
E aí, quando o sistema entrar em colapso, virão os discursos inflamados sobre a “crise da saúde pública”, sobre a “necessidade de mais investimentos”, sobre o “compromisso com o povo”. Discursos vazios, proferidos pelos mesmos que hoje, com suas canetadas insensíveis, plantam as sementes do caos que fingirão lamentar amanhã.
Enquanto isso, em Cuiabá, médicos organizam assembleias, sindicatos protestam, famílias refazem orçamentos apertados. A vida segue, como sempre seguiu para quem não tem o privilégio da blindagem institucional, não pode legislar em causa própria.
E o Brasil, este país de contrastes obscenos, segue sua marcha inexorável rumo ao abismo da desigualdade, embalado pela sinfonia hipócrita de quem prega sacrifícios que jamais fará.
A caneta que assina estes atos administrativos deveria, ao menos, ter a decência de sangrar. Mas canetas, assim como certos gestores, não têm coração. E talvez seja exatamente por isso que estejamos onde estamos.
Cuiabá, outubro de 2025.
Adeildo Lucena- presidente do Sindimed-MT e
Bruno Álvares- advogado do escritório Vaucher e Álvares e assessor jurídico do Sindimed-MT
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Saúde é viver com alma

Tabata Mazetto é psicóloga e aromaterapeuta.
Durante muito tempo, quando eu falava sobre saúde, concentrava minhas reflexões no campo emocional. Costumava explicar como a mente influencia o corpo, como as emoções reprimidas se manifestam fisicamente e de que forma os óleos essenciais podem ajudar a equilibrar aquilo que muitas vezes não conseguimos expressar. No entanto, depois de quase oito anos trabalhando com mulheres, percebi que existe uma dimensão da saúde que raramente é discutida: a saúde financeira.
À primeira vista, pode parecer estranho associar dinheiro à saúde, mas ele atravessa nossas emoções, relacionamentos e até a forma como nos enxergamos. Tenho visto mulheres incríveis, cheias de dons e talentos, adoecendo por viverem rotinas que não as representam. Trocam horas da própria vida por um salário que não preenche a alma. Trabalham de segunda a sábado e sobrevivem aos domingos. Quando chega a noite, uma tristeza silenciosa costuma aparecer — é o corpo tentando dizer que não quer mais viver assim.
O que muitos chamam de desmotivação é, na verdade, a falta de saúde da alma. É o momento em que a pessoa deixa de sonhar, de criar, de se permitir e de desejar. Quando esquece o que queria ser quando criança porque alguém, em algum momento, disse que era impossível. E o mais triste é que a maioria de nós acredita.
A boa notícia é que é possível voltar a sonhar. E foi isso que aconteceu comigo.
Por meio da aromaterapia e do empreendedorismo, encontrei um caminho de liberdade. Comecei a cuidar não só do meu corpo e das minhas emoções, mas também da minha vida financeira, e essa mudança transformou tudo. Empreender com propósito me devolveu o brilho nos olhos e a sensação de estar viva, inteira, saudável.
Hoje entendo que saúde não é apenas a ausência de doença. É viver em coerência com quem somos, dormir tranquila porque o que fazemos durante o dia tem sentido, e acordar com entusiasmo porque há um propósito em cada segunda-feira. A verdadeira saúde é integral, reunindo o equilíbrio emocional, físico, espiritual e financeiro. Cuidar dessa área não é ganância, é autocuidado. Quando uma mulher conquista liberdade, ela inspira outras a fazerem o mesmo. E é assim que a cura se multiplica.
Com o tempo, aprendi uma lição importante: não existe lavanda capaz de fazer uma mãe com contas atrasadas relaxar. Percebi que ainda existem muitos tabus quando o assunto é cobrar por um serviço, uma consulta ou uma mentoria. É como se falar de dinheiro fosse algo impuro ou prosperar fosse errado.
Mas, como disse Carl Jung: “Aquilo a que você resiste, persiste.”
Enquanto resistirmos à prosperidade, permaneceremos presas à escassez. Foi preciso desconstruir essa crença e entender que meu trabalho tem valor, que pode gerar impacto, abundância e transformação através do que faço. Desde então, tenho formado centenas de aromaterapeutas que estão aprendendo a unir propósito, liberdade e prosperidade em um mesmo caminho.
Talvez seja hora de olharmos para a saúde de uma forma mais ampla, permitindo que ela envolva nossos sonhos, nossa prosperidade e nossa paz. Afinal, viver bem é muito mais do que ter saúde: é viver com sentido.
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